terça-feira, 29 de novembro de 2011

Vácuo.


No verso de uma carta, trago comigo uma tristeza profunda, que o tempo e espaço não interferem, água e fogo não destrói. A vida de um solitário, guiada por um destino insólito, num verão nada afrodisíaco, triste deserto, triste dor. Livre, mas impedido, minhas asas se recusam a bater, a voar, a viajar.
Vento e terra se juntam e os opostos se unem, na tentativa de atrelar um espírito quebrantado. Todavia isso vai além da natureza, está no íntimo do ser, passa da linha natural e obscurece em um vazio de vácuo, vácuo de sentimentos, vácuo de pensamentos, simplesmente nada.
Uma pungente careta clama lá no ímpeto, na calada do meio-dia, ou qualquer hora que seja isso não importa. Banho-me no leite da via-láctea, um banho de astros e me puxar ao infinito, o negrume nunca foi tão acolhedor.
Grandes sonhos, lentos e vis, detestáveis pesadelos assolam o desconhecido, na esperança de lançar lembranças esquecidas. Quão vã a vida está sendo, onde estará meu sentido?

Heliaz dos Santos Shauon.

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