quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A noite.


Como é belo o seu céu,
A via láctea, seu véu,
O leite derramado pelos deuses,
Para iluminar o negrume,
Que outrora era azul, pontas de rosas e pingos de verdes.

As estrelas seu esplendor,
A Lua sua amante,
Que traiu o seu Sol,
E vem o enganando,
Em um tempo constante.

A Noite,
Óh a Noite,
que lembranças me trás,
Meu desejo é ir contigo,
Abandonar este mundo fugaz.

Ao seu encalço correrei,
Em sua busca eu irei,
Abandonar-te jamais,
Uma vez que te perdi,
Não a perderei nunca mais!

Heliaz dos Santos Shauon.

Você prefere a verdade?


A sinceridade. Que felicidade em partilhar com ela minhas frases, minhas falas, meus devaneios. O mundo hoje em dia pede-a tanto, chama pelo seu nome, mas quando ela chega é negada, a porta é batida em sua cara.
Claro que tudo isso não passa de linguagem figurada, porém eu não entendo o almejo das pessoas em serem tratadas com a sinceridade, eu me sinto culpado por usá-la, pois o óbvio que trato com rigor em mostrar, mas com a pauta necessária, é negado, a sociedade vive em cima de ilusões, vive em um torpor de fingimento e com o contentamento da enganação, é incrível isso.
É tamanha a hipocrisia das pessoas que pregam a simples verdade e preferem a mentira enfeitada, põe em palavras o que em prática não é feito e mentem de novo quando se dizem sinceros, gigante a bola de neve.
Eu sei que a verdade dói, convivo com tantas delas, eu assumo sim que me agradaria viver na mentira, por mais que seja ruim e pode desmoronar a qualquer momento, a mentira da aquela sensação de “tudo posso, tudo sou”, é feito um mundo nosso, paralelo ao que vivemos, com regalias a mil metros. Contudo a verdade é a satisfação simples, o jeitinho de encaixar certo, a ferida a ser curada, é a realidade comum a todos, mas que a maioria prefere dar as costas.
A verdade é para os fracos, porém que são compensados a todo o momento, é para os de confiança, é para os humildes que evitam grandes tombos de exaltados, que caem de grandes alturas.
A dádiva do ser humano é cumprir sua natureza, acho que não há nada de errado em sonhar, mas antes de construir mansões em sonhos, fracos como palha, melhor crescer de pouco em pouco com um casebre, aprender a lidar com a razão da vida e conhecer a única forma de se viver sem usurpar a liberdade de outro.

Heliaz dos Santos Shauon.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não te sinto.


Não se justifique. Peço que não faça isso, você só usa argumentos distorcidos e não tem sua opinião, se esconde sob teorias, onde está sua cara? Cadê você de verdade? Você julga estar do meu lado, diz que quer meu bem, mas eu não sinto nada disso. Você me ignora, não tem verdades para mim, não me ouve. Tento te apoiar, mostro o quanto me esforço para estar ao seu lado, porém nada disso importa pra você.
Nessas situações meu orgulho não existe, não sei virar as costas, sou simples e rejeito todo seu desprezo e em troca te dou a atenção. Não quero que pense que sou dramático, isso só são sentimentos eclodindo em palavras. Como já disse e repito agora, talvez por eu amar as pessoas e não verem que elas me amem eu fico assim. Sabe a real decifração do amor, o real valor que ele tem? Ele é a forma mais linda de enxergar alguém, a atenção vem como bônus e o apreço de brinde é dado, esse é o amor, simples gostar não chega ao seu plano de visão.
A intensidade sua é limitada e a frieza e o racional sempre é posto como barreira entre mim e você, compreender em palavras não é como sentir em palavras, mera escrita mexe, contudo o júbilo de conhecer o amor de verdade, é uma dádiva incrível, inexplicável, uma raridade em tempos de hoje e como prova o nosso relacionamento que com palavras é sentido, todavia com gestos é apagado.

Heliaz dos Santos Shauon.

sábado, 16 de outubro de 2010

A jovem injustiça (conto).


Naquela tarde ensolarada, onde a força do Sol teimava em adormecer, laçados eram dois jovens no ato simbólico do casamento.

Na noite de núpcias o coração da moça batia acelerado, sonhara com aquele momento a vida toda, uma mistura de curiosidade, paixão e medo era derramada sobre seu espírito. Abriu a porta e o que encontrou foi, digamos, inesperado, seu amante esperado estava aos roncos, aquela fria recepção aborreceu-a e ela deitou em sua cama inconformada. E assim foram-se os dias, semanas, meses. Ela insistia, persistia, mas era mais que notável que seu esposo não queria a aproximação carnal, ele dizia que o sentimento que os unia devia ser suficiente para os dois.

A frustração cresceu, cresceu, a ponto dela chegar ao extremo, levando o seu parceiro ao mais ridículo, o ponto mais humilhante que um homem pode passar, difamou-o e espalhou a todos que seu marido era efeminado, uma aberração. Na luta contra o preconceito a arma do rapaz foi o silêncio, não se pronunciou, não se defendeu, continuou com a caluniadora a julgá-lo.

A rendição aconteceu numa mesma tarde, igual a do matrimônio. Jazia no chão de pedra, em frente ao grande casarão onde morava o casal, o jovem homem, sangue escorria de seu nariz e boca e em sua mão esquerda, preso a aliança, estava um papel. Quando chegou da casa de seus pais, onde ela fora encontrar apoio, deparou-se com a cena de horror e seu olhar caiu diretamente no papel que dizia:

“Amo-te, em meus sonhos você era a pessoa que queria que fosse, que sempre sonhei que fosse, meu amor queria completar-se na forma carnal, meu corpo sempre quis se unir ao seu, mas reconheço que o amor que sentia era mais do que isso e pude ver que o seu sentimento não passava de uma paixão de adolescente. Antes de tudo saiba que o autor de tudo isso fora seu pai, sou aquele por quem ninguém nunca deu nada, aquele mísero mendigo de rua, em seu desespero o barão me fez um cavalheiro, ele já sabia dos meus sentimentos por intermédio de terceiros e aproveitou a chance para cumprir quais seja seus planos”.

“Havia um preço a qual eu deveria pagar, pois na vida nada se ganha, tudo se paga, e a promessa que ele me fez cumprir a todo custo, por Deus, foi preservá-la imaculada, não devia tocá-la, não deveria amá-la como homem, e assim fiz, pois sou sincero e prefiro morrer com a minha sinceridade, de nada importa integridade, pois nunca fui íntegro, porém você merece a verdade, e meu espírito abandona o seu provando pelo menos que meu amor ultrapassava a concupiscência e que entrava no campo espiritual”.

“Sinceramente, apesar de tudo, você sempre fora meu único, lindo, magnânimo e imaculado amor”.

O desespero, a culpa, o rancor tomou conta da alma daquela jovem, seus devaneios tornaram-se sombrios e sua busca por justiça havia começado.

Houve, conforme de costume, o velório e entes queridos fizeram-se presentes no momento amargo que se anunciou. Logo outra tragédia se formulou, o pai da “justiceira” passara mal dormindo, e seu fim naquela madrugada triste fora a morte. Logo se soube, pela jovem, que ela era autora do crime hediondo, envenenando a bebida do patriarca, todos se encheram de susto, exasperados alguns não tiveram reações, outros choraram, outros raivosos reagiram à atitude da moça, mas foi a mãe dela que deu a surpresa. Em sua mão encontrava-se outra carta com a seguinte mensagem:

“Nunca quis a torná-la infeliz minha filha, visei somente o seu bem-estar perante a sociedade e a seu esposo, nunca o desconsiderei por ser mendigo, mas incumbi a ele tal missão tendo total crença que ele realizaria com êxito, pois o amor dele, pude ver, era puro e grande”.

“Meus motivos serão explicados. Minha filha, você não é mais virgem, um irmão meu há muito tempo viera nos visitar, sua idade exata era de dois anos. Não sabia, contudo sua face escondia o monstro que vivia em seu interior, e ele se revelou durante a sua estadia em nossa casa, violentando você e retirando o selo sagrado, que Deus pôs para torná-la imaculada. Eu e sua mãe tememos por tempos o seu casamento, tínhamos medo do que se revelaria quando soubessem que você não era virgem, a humilhação que você passaria. Graças aos céus este moço se anunciou e logo tratei de concertar do modo que eu via mais jeitoso o que estragado fora no passado’.

“Sei que sou um covarde, principalmente por me pronunciar tardiamente, não podendo evitar tamanha tragédia e mais covarde ainda de não conseguir me dirigir a você, pois consigo sentir seu ódio”.

“Perdoe-me minha filha, espero que um dia entenda que fiz tudo isso, mesmo que erroneamente, visando somente seu bem, pois a amo com o mais profundo amor”.

Tamanha foi a depressão da jovem, o horror que percorreu daí em diante em suas veias foi inevitável, o preço a ser pago pela tamanha injustiça. Esta moça ainda vive, está aí, em qualquer canto, está em você, está em mim, ela é o julgamento que você faz todo dia das pessoas, e a obstrução das chances de aproximação de similares, o rancor que você guarda, o ódio que você sente, o poder de não perdoar a você concedido, a luxúria da superioridade que o domina, as trevas, o abismo, a análise prévia dos semelhantes sem base,sem um pingo de solidariedade, sem o mínimo de amor.

Heliaz dos Santos Shauon.

Em busca do único.


Sigo nesta busca ambulante procurando um ser andante que me faça feliz. Não sei quem é nem posso dizer como é, penso só que existe, uma forma de confortar-me. Sou atraído por olhares onde a mutualidade chama atenção, mas não passa de paixão, o desejo carnal. Busco algo infindo, o amor divino que me fará bem. Focado estou não em estereótipos, quero alguém que equivale a mim em originalidade, um ser único de caráter personificado, de uma opinião crítica e sem conformismo.
Não julgo pessoas alheias por serem iguais, só penso que elas não são felizes em não viver a verdadeira identidade do Eu que diariamente é sufocado e desfalecido aos poucos. Seus olhares robóticos me transpassam e penso: “onde vivo? Sou eu tão errado em pregar o individualismo?” Vejo a mentira nesses olhares, nesses andares, nesses trejeitos, nessas roupas, nessas vozes. Não me incriminarei pelos pecados da paixão, pode até ser agradável no começo, contudo sua pena é alta e custa caro.
Por isso não busco aquela pessoa linda esteticamente, não procuro poder nem riqueza. Não procuro você ou você é meu ideal? Procuro a pessoa com defeitos, porém singela em assumir que os tem, procuro este indomável amor que voa de mão em mão, que pousa com delicadeza em corações, que me leva até você ou que traz até mim este ser que procuro, quem sabe? O Grande destino fará acontecer!

Heliaz dos Santos Shauon.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O julgamento.


Nossa como te amo, por favor não pense que este amor não vale, eu sei que somos diferentes dos alheios e é aí que está o belo, apesar do aprovado não temos aprovação, nos amamos pelo que somos e não pelo que acham que somos.
A limitação da sua incerteza me incomoda, as provas estão como águas cristalinas, sentimentos fluem em mim, todavia a sua indecisão me assusta. Sento ao lado do fim e este me abraça, furta a minha esperança, leva a minha confiança e retira a minha atitude.
Talvez meu amor não seja capaz de alcançar sua razão, ou quem sabe o sofrimento te assuste, ainda não sei, mas o completar está em nós e basta aceitar a encaixar.
O elo é maior que a barreira, a união fortalecida fica perante a solidão, se tudo encontra um final por que este não pode ser a junção do eu em você? Só sei que a solidão do fim me tirou quase tudo o que de bom cultivei, mas o poder de destruir o sentimento maior está na sua insegurança, a juíza mor do réu que inocente se anuncia o AMOR.

Heliaz dos Santos Shauon.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um texto sincero.


Minha obrigação não é agradar a ninguém, se tenho algum prodígio (o que duvido muito) não são para ser admirados.
Não quero pessoas ao meu redor que se sensibilizem com minha dor, do que preciso é ajuda para poder caminhar, é de um ombro amigo.
Ser amigo com certeza não é ser colega, ser amigo é mais que uma pessoa sem espírito possa entender. É cultivar amizades, é tentar mantê-las com afeto, com atenção, com o amor.
A ignorância é o maior mal do homem, podemos aprender uns com os outros, mas a inquestionável maneira do homem julgar quem é mais fraco e mais forte leva-o a perecer.
Na vida aguentamos tudo, mas em particularidade odeio o costume das pessoas terem uma queda pelo lado sombrio da falsidade, eu tento ser verdadeiro com as pessoas, em meus textos tento passar o que sinto (Raquel, uma amiga que sempre me apóia, muito obrigado), tento transmitir meus sentimentos para eles, sendo sincero, sendo eu mesmo.
Na minha inocência de acreditar em pessoas erradas parti corações de outras que só queriam meu bem, por isso peço perdão a quem magoei e afirmar que errei, esperando compreensão, certo de que reflitam que somos falhos, que não passamos de seres-humanos frágeis.
Quero terminar com um texto: A solidão nada mais é que você acompanhado de "amigos" que julgava ser próximo, que esperava o retorno do amor que sentia por eles, mas, em sua inocência cega, não pode ver que só queriam calamidades, só rogavam para ti o que não prestava. A solidão não é um estado sem companhia, o que todo mundo acredita ser, ela é a dor de se sentir desamparado, é o medo do escuro, é a tristeza de um fim, é a esperança de um recomeço sem erros...

Heliaz dos Santos Shauon.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Inocência de amar.


Que saudade do tempo em que se faziam amigos de verdade, onde éramos felizes com simples passeios, roupas normais e sem a pressão do tempo.
Ninguém mais se preocupa com amizades, muita ocupação para outros sentimentos, outros desejos, e tudo o que se vive sem interesse, todo amor inocente cultivado se quebra e se torna indiferente perante amores promíscuos. O ruim dessas situações é que um sempre se machuca, aquele mais fraco que pensava ter alguém que se importava com ele, o mísero que se espelhava no grande amigo.
Antes de dar as costas para um amor antigo compare sentimentos, faça a justiça e meça qual o mais importante, se um não abalará o outro, por que não há sentimento mais anti-humano, porém concedido a nós, desprovido de malícia e interesse que a amizade, ela é angelical e divina, tem o poder de confortar e de unir duas pessoas no mais puro amor.

Heliaz dos Santos Shauon.

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